COMO LER A BÍBLIA
EXPLORAR A
MATÉRIA NEGRA DA BÍBLIA NUMA VIAGEM GUIADA
O Velho testamento é um pouco como isso. Sabe-se que está lá – afinal,
é aproximadamente 80% da Bíblia. Mas do que é que se trata? Provavelmente já
conhece algumas histórias, tais como Adão e Eva, a Arca de Noé, Davi e Golias e
talvez um Salmo ou dois. Todavia, o resto das páginas é, para muita gente, tão
remota e inacessível como a matéria negra.
Gostaria de aprofundar os seus conhecimentos nesta matéria? Quando se
visita um lugar estranho, deve-se, normalmente, fazer uma observação geral. Então,
talvez, o melhor é entrar num desses autocarros descapotáveis que se encontram
nas áreas turísticas e ficar com uma ideia geral do panorama.
Com o Velho Testamento podemos fazer isso – folheá-lo rapidamente, para
que possamos ver do que trata cada livro e como eles se interligam. Esta viagem
será rápida, mas logo que saiba o que lá se encontra poderemos sempre rever
algumas passagens que nos tenham interessado mais.
Necessitaremos de uma Bíblia. Qualquer uma servirá, desde que tenha o
Velho Testamento completo. (Algumas Bíblias têm apenas o Novo Testamento, além
dos Salmos e Provérbios.) Devemos ter a Bíblia perto para a consultar enquanto
lemos este artigo, porque só lê-lo não será de muita utilidade. Adicionaremos
um mapa de viagem caso nos aconteça ficarmos um pouco dispersos.
Antes de
começarmos...
Como o Novo Testamento, o Velho Testamento é uma colecção de livros
separados. Estes livros combinam-se para contar uma história. É a história do
relacionamento entre Deus e a raça humana, sendo grande parte contada através
das experiências do seu ‘povo escolhido’ – a Antiga Israel. Contudo, isto é
mais do que apenas a saga nacional de um povo. As suas aventuras estavam direccionadas
inexoravelmente, numa confrontação com Jesus Cristo - uma viagem na qual estamos todos nós, quer nos apercebamos quer
não. Não podemos dizer que entendemos a Bíblia, sem algum conhecimento do que
aconteceu nos séculos que se direccionavam para o ministério de Jesus Cristo,
na terra. Isso, em poucas palavras, é o objectivo do Velho Testamento.
“
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que
dão testemunho de mim” disse
Jesus às pessoas do seu tempo em (João:5:39). Todas aquelas centenas de
páginas na primeira parte da Bíblia parecem impenetráveis e sem pistas.
Dentro de,
mais ou menos uma hora, talvez possamos fazer algo interessante.
Peguemos
então nas nossas Bíblias –
Cá vamos nós.........
Os
primeiros livros do Velho Testamento chamam-se Os livros de Moisés
2000 AC
GENESIS
ABRAÃO/ISAAC/JACOB/JOSÉ
1500 AC
ÊXODO-LEVÍTICO-NÚMEROS-DEUTERONÓMIO
MOISÉS
OS LIVROS DE MOISÉS
O primeiro
livro que encontramos é Génesis, o qual significa começos. Conta-nos como
Deus criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden, depois de criar o
Universo e o mundo (capítulos 1-2). Ele promete abençoa-los se eles o
obedecerem. Em vez disso, eles obedeceram ao Diabo e foram, por isso, expulsos
do Jardim para viverem no mundo, a seu modo e da melhor forma que podiam (3).
Seguidamente
leremos como Caim, filho de Adão mata o seu irmão Abel (4), e as coisas
vão de mal a pior até que um grande dilúvio destroi a civilização. Somente, Noé
e sua família e dois animais de cada espécie, foram salvos (6-9).
Depois do
dilúvio, a civilização foi recuperada, todavia continua rebelde e ignorante.
Deus selecciona, eventualmente, Abraão para ser o fundador de uma nova nação (12).
Temos então a
história das aventuras de Abraão, à medida que ele vai aprendendo a confiar em
Deus. Um filho nasceu, Isaque (21), e acontece o famoso incidente onde
Abraão é testado por Deus, pedindo-lhe que sacrifique o seu filho (22).
Isaque sobrevive, casa e tem um filho chamado Jacob,
cujo nome é mudado para Israel (35:9). Este tem 12 filhos, cujos
descendentes são conhecidos como ‘filhos de Israel’. Isto é importante, porque
a partir daqui, o Velho Testamento estreita a sua atenção para contar a
história da humanidade através das experiências deste povo.
José, o filho favorito de Jacob, é vendido como
escravo pelos seus irmãos que o invejavam (37). Depois de muitas aventuras
tornou-se no braço direito do Faraó, o governante do Egipto. Através de
prudente administração dos recursos existentes, salva o Egipto da fome e
reencontra o seu pai e irmãos. Os filhos de Israel instalam-se no Egipto, na
qualidade de refugiados, tendo uma vida próspera. O primeiro livro da Bíblia
termina com a morte de José (50).
O próximo é o Êxodo. Provavelmente, o tema
deste livro já é conhecido. Tornou-se muito popular devido ao filme clássico Os
Dez Mandamentos e ao mais recente O Príncipe do Egipto.
Os Israelitas vivem juntamente com os Egípcios durante
algumas centenas de anos. As doze famílias crescem em números, tornando-se numa
nação autónoma. Um Faraó sobe ao poder, o qual não tem conhecimento da história
que está por trás destes estranhos e encara-os como uma ameaça. Escraviza as
tribos de Israel, usando-as como mão-de-obra para as suas obras públicas.
Tenta, também, reduzir o seu número matando os seus recém nascidos (Êxodo 1).
Moisés sobrevive milagrosamente à limpeza étnica do Faraó (2).
Eventualmente Deus utiliza-o para libertar o seu povo da escravidão (4-13)
e lidera-os para a Terra Prometida.
Os Egípcios não os deixam abalar, mas finalmente
conseguem escapar quando Deus, milagrosamente, separa as águas do Mar Vermelho
para que eles o possam atravessar (13). Depois de os guiar para a
liberdade, Deus prepara o seu Povo Escolhido para viver na Terra Prometida
dando-lhe os Dez Mandamentos (20) e muitas outras leis.
Os últimos capítulos deste livro são instruções para a
construção do Tabernáculo, um santuário portátil que servia, como uma sede
simbólica para Deus, enquanto ele viajava com o seu Povo Escolhido em direcção
à Terra Prometida. É interessante, todavia não é uma leitura essencial.
Continuemos em frente.
Levítico é o próximo. À primeira vista o livro de Levítico parece ser apenas páginas
de leis, regulamentos, peculiares costumes religiosos e tradições. E à segunda
vista parece ser a mesma coisa, também. É aqui que as pessoas que decidem ler a
Bíblia toda de uma forma contínua, começam a perder a coragem de continuar.
Na verdade,
este livro é muito mais interessante do que parece mas, talvez não o seja neste
preciso momento. Continuemos em frente.
Quando abrimos o próximo livro, Números, os
Israelitas já se encontravam fora do Egipto havia cerca de um ano. Deus deu-lhes a sua lei e o Tabernáculo
estava acabado. As tribos estão prontas para mudar para a Terra Prometida. Moisés
organiza o povo (1-2) e orienta um recenseamento (é por isso que se
chama ‘Números’).
O Povo Escolhido está acampado numa região próxima da
Terra Prometida, e se tudo correr bem, podiam lá entrar em poucas semanas. Mas
nem tudo corre bem. As pessoas começaram com queixas e murmúrios acerca das
condições existentes (11), até mesmo a irmã e o irmão de Moisés se
rebelaram contra ele (12). Quando chegaram perto das fronteiras, Moisés
envia espias para fazerem o reconhecimento. Estes trazem um relatório diversificado.
A terra é boa, mas os habitantes são hostis e demasiado fortes para serem
vencidos.
Depois desta falta de confiança e desobediência, Deus
tem que lhes dar uma lição. Sentencia-os a vaguear no deserto por mais 40 anos (14:26-35).
O resto deste livro relata o que aconteceu naqueles quarenta anos. Existem
muitas lições valiosas neste período. Poderá voltar, mais tarde, a este livro e
dar-lhe um pouco mais de atenção.
Seguidamente, vamos para o Deuterenômio. Quer dizer ‘a
segunda lei dada’. Após quarenta anos de deambulação, a geração que saiu do
Egipto morreu, e os seus descendentes chegaram mais uma vez, às fronteiras da
Terra Prometida.
Moisés, agora com 120 anos, relembra à nova geração
tudo o que Deus fez por eles e das responsabilidades que eles têm para com ele.
Este livro é, basicamente um ensaio dos acontecimentos dos quatro primeiros
livros, com mais alguns detalhes. O seu objectivo é fazer lembrar à segunda
geração do Povo Escolhido o motivo da sua escolha. Eles têm que viver como representantes
do único e verdadeiro Deus perante as nações circundantes que estão atoladas na
ignorância e idolatria. Se examinarmos rapidamente o capítulo 8,
ficaremos com uma ideia do objectivo deste livro.
Estes cinco primeiros livros são conhecidos como os
‘Livros de Moisés’ porque segundo a tradição, foram escritos ou editados por
ele.
A próxima secção do Velho Testamento é conhecida como
os Livros Históricos
1500 AC JOSUÉ-JUÍZES-RUTE
1000 AC 1 & 2
SAMUEL
SAMUEL / SAUL /
DAVID / SALOMÃO
1 & 2
REIS
EXÍLIO DE ISRAEL
1 &
2 CRÓNICAS
EXÍLIO DE JUDÁ
500 ACEZRA-NEEMIAS-ESTER
OS
LIVROS HISTÓRICOS
Existem 12, a começar por Josué,
que foi o sucessor de Moisés. Conta-nos o que aconteceu quando os Israelitas
começaram por ocupar a Terra Prometida.
De início as coisas correm
bem. Desde que obedeçam a Deus, ele ajuda-os, expulsando os anteriores ocupantes.
Sob a liderança de Josué, vencem a batalha de Jerico numa vitória decisiva.
Contudo, enquanto continua a invasão, mais uma vez as pessoas cedem à ganância
e à desobediência e começam a sofrer contrariedades.
No entanto, sob a liderança
leal e determinada de Josué, progridem de forma segura mas lenta. Todavia, após
a sua morte as coisas começam, realmente a se desmoronar. O próximo livro, Juízes,
conta-nos as aventuras e actos heróicos de vários líderes. Os mais conhecidos
são Gideão (6-8) e Sansão (13-16), mas até mesmo estes são heróis corruptos. Em
resumo, Juizes é uma crónica um tanto triste faltando a fé e a confiança. Quando
termina, vários anos passaram desde o êxodo do Egipto, mas Israel ainda está
muito longe de ser uma nação unida e independente. Em vez de se tornar um
exemplo para o mundo através das bênçãos de Deus, mantiveram-se fragmentadas e fracas.
O último versículo deste livro (21:25) resume bem a situação.
Todavia, uma das lições da
escritura é que, mesmo quando as coisas parecem negras, há sempre uma
esperança. Enquanto que a história, em geral, torna-se um pouco deprimente, encontramos
a seguir uma história, embora pequena, mas cheia de luz, coragem e fé. Encontrá-la-á
no próximo livro – Rute.
Esta é uma história
encantadora de lealdade e de fé. Rute, uma estrangeira e sua irmã Orfa entraram
para uma família israelita através do casamento, Depois os seus maridos
morreram tragicamente; Noemi, sua sogra, encorajou-as a voltar para a sua
própria família. Orfa segue o concelho da sogra mas Rute fica com ela.
As duas mulheres suportam
vários anos de miséria, todavia a lealdade de Rute é, eventualmente premiada,
encontrando o homem rico dos seus sonhos. Através da sua lealdade, Rute deu
origem à maior dinastia da história da Bíblia. Ela é o ascendente directo do
grande Rei Davi de Israel e derradeiramente, do Rei dos Reis – Jesus Cristo.
Nesta altura da viagem,
poderemos perguntar, ‘Isto até pode ter alguma importância se formos judeus ou
tivermos algum interesse por história antiga. Contudo, o que é que isto tem a
ver connosco? ‘
É uma pergunta válida. Até
agora, o Velho Testamento parece ser, apenas, o relato histórico de um povo
antigo. O que não deixa de ser interessante, não tendo mais valor do que o
registo da grande inquirição mandada fazer em 1086 por Guilherme o Conquistador
ou do que as Sagas Islandesas. De qualquer modo o que a Bíblia reivindica é que
tudo isto é o mundo de Deus. Os Israelitas eram um povo cujo destino era
ensinar o mundo, através das suas experiências, sobre a existência de um único
e verdadeiro Deus. A sua jornada, do paganismo e escravidão para uma vida numa
nova terra, vivendo sob as leis do único e verdadeiro Deus, é uma jornada que
todos temos que fazer. Deus não é apenas o Deus de Israel. Ele tem um objectivo
para todas as pessoas de todas as eras. Ele escolheu por começar pelos filhos
de Israel, contudo a sua jornada tem lições para todos nós.
A jornada dirige-se para
Jesus Cristo. O pequeno livro de Rute é uma lembrança disso. O povo escolhido
parece ter-se afundado mas Deus não os perdeu de vista.
Vamos, então, continuar em
frente. O que acontece, seguidamente, é contado em quatro livros – 1 e 2 de
Samuel e 1 e 2 de Reis. Pensemos neles como quatro volumes de um
trabalho de quatro partes.
1 de Samuel começa por contar a
história de Samuel, um líder austero mas sábio, que, de alguma forma, controla
a desintegrada sociedade israelita. Israel é nesta altura, no que se considera
uma teocracia. Deus é que os governa através de líderes apontados por ele. Ele
une as tribos e enquanto ele governa as coisas melhoram. Como tantas vezes
acontece, os filhos de Samuel não são do mesmo calibre do pai e o povo
preocupa-se com o que poderá acontecer se eles sucederem a seu pai. Pedem um
Rei, como qualquer outra nação (capítulo 8).
Saul, um grande guerreiro, é
a escolha óbvia e popular. Mas o carácter de Saul não combina com a sua grande
estatura física. Ele demonstra ser totalmente inadequado para aquela posição. Deus
decide substitui-lo e escolhe Davi, o filho mais novo de um homem chamado Jessé
(16). Davi pode ser jovem, mas demonstra, na sua corajosa confrontação com o
gigante Golias, que tem o coração de um rei (17). Muitos anos se
passaram antes que Davi pudesse obter o poder e neste período a nação sofre
invasões de outros povos e uma guerra civil. Eventualmente Saul perde a vida na
guerra e Davi torna-se Rei.
2 Samuel conta a história do
seu reinado. Na generalidade é um sucesso e Davi é recordado como um grande
rei. Durante o seu reinado, Jerusalém é finalmente capturada e torna-se a
capital de uma nação unida. Davi reina por 40 anos. Cometeu alguns erros
bastante graves, arrependeu-se sempre pedindo a Deus o seu perdão. A Bíblia conta-nos
sua história com alguns detalhes e há sempre algo a aprender. Poderá sempre
voltar para a ler em pormenor.
1 de Reis começa com a morte
de Davi e a sucessão do seu filho Salomão. Salomão teve a reputação de ser um
dos homens mais sábios que jamais viveu. Construiu um templo magnífico para
glorificar Deus. Tornou-se fabulosamente rico, todavia permitiu que a vaidade e
a ganância fossem mais fortes do que ele – as pessoas inteligentes nem sempre
agem com inteligência!
Com Salomão no poder, Israel
finalmente torna-se rica e influente, todavia ele lançou as sementes de um
declínio moral e económico. Quando morreu, o seu reino estava numa feia
tendência.
Roboão, filho de Salomão toma
o seu lugar no trono mas em vez de unir o povo ainda piora a situação. A zona
norte do país pensou estar a ser negligenciada pelo poder central situado na
zona sul (onde é que já ouviu isto?) e Jeroboão, um líder popular, encabeça uma
revolução bem sucedida. O reino estava dividido – as tribos do norte tornam-se
no Reino de Israel enquanto que o sul era conhecido como Judá.
Os dois reinos coexistiram
lado a lado durante vários séculos. Cada um teve os seus bons e maus reis. As
relações entre eles eram usualmente frias e ocasionalmente, guerreavam entre si.
Todavia a verdadeira ameaça viria de fora. Israel e Judá esqueceram a lição de
Deuteronómio. A sua força provinha de Deus. Sem o seu apoio eram pequenos e
vulneráveis. Quando concordaram com a sua proposta em se tornarem no seu Povo
escolhido, deixaram de ser ‘uma nação qualquer’. O seu destino estava nas mãos
de Deus. Se eles o obedecessem Deus abençoava e protegia-os. Contudo se eles o
desobedecessem e escolhessem o seu próprio caminho, Deus retirava as bênçãos e
permitia que eles tentassem a sua sorte no mundo.
Há uma grande verdade quando
se diz “conforme é o governante, assim é a nação”. Quando os reinos têm um bom
rei as coisas vão bem. Se o rei for fraco, obstinado e maldoso, todos sofrem. É
este, essencialmente o tema dos dois livros de Reis.
Nestes livros, encontramos,
também, o primeiro dos grandes profetas que Deus enviou para avisar e acordar o
seu povo. O primeiro é Elias, (1 Reis17), o qual foi substituído por Eliseu,
cujos feitos são relatados em 2 Reis.
À medida que o tempo foi
passando, deus enviou mais profetas para avisar o seu povo a voltar para ele
afim de os proteger, contudo isso não acontecia. Entretanto um império poderoso
e predador estava a formar-se, na região norte. Assíria começou a expandir-se e
a conquistar as nações vizinhas mais fracas.
O Reino de Israel foi
invadido, e o povo foi levado cativo para a Assíria (17). Desaparecem de cena
na história da Bíblia – O que aconteceu ‘às tribos perdidas de Israel’ é, até
aos dias de hoje, um assunto de grande especulação.
O reino sulista de Judá teve
uma fuga difícil, e aguentou-se com alguma dificuldade, como nação independente
por mais 120 anos, durante este período os Assírios foram vencidos pelo Império
Babilónico, sob o domínio do seu grandioso rei, Nabucodonozor.
O povo de Judá (nesta altura
conhecidos como judeus) apesar dos avisos repetitivos dos profetas, não
conseguiram aprender a lição. Quando Nabucodonozor se dirigiu para os atacar,
foram, também, invadidos. O seu templo foi destruído, o rei foi executado e as
classes mais cultas foram deportadas para Babilónia. Parecia que a história do
relacionamento entre Deus e o Povo Escolhido tinha acabado.
Agora chegamos ao 1 e 2
de Crónicas. Estes livros apresentam a história sem grandes alterações,
dando algumas ênfases ligeiramente diferentes. Não são redundantes – como
Deuteronómio, adicionam alguns detalhes importantes. Mas como esta é uma viagem
rápida e já lemos a sua maior parte, continuemos em frente.
Três livros mais curtos
contam o que acontece a seguir. O Império Babilónico é, eventualmente, vencido
pelos Persas. Em 12 AC – o imperador Persa teve uma conduta compreensiva
permitindo que as pessoas desintegradas regressassem às suas origens. O
Livro de Esdras conta-nos como foi permitido aos Judeus regressar à sua
terra natal sob a direcção de Esdras e como começaram a reconstruir o templo.
A obra estagnou e nada é
feito durante vários anos. Então, Neemias, um judeu que dispunha de uma
excelente posição no governo Persa, é-lhe concedida permissão, pelo imperador,
para continuar novamente a obra. Neemias é um homem de acção e o livro de
Neemias é, entre outras coisas, um excelente estudo sobre liderança efectiva.
A maioria dos Judeus
mantêm-se na Pérsia, onde se instalaram e prosperaram. Um inimigo levado pelo
ciúme origina uma conspiração para os destruir. O livro de Ester conta
como esta conspiração foi neutralizada.
Chegamos, assim, ao fim da
secção histórica, contudo ainda resta bastante do Velho Testamento. Os
restantes livros estão juntos em duas secções – ‘Sabedoria’ e ‘os Profetas’. Estes
livros foram escritos esporadicamente. O seu roteiro dá-nos uma ideia
rudimentar da sua posição na história.
Vamos agora viajar
rapidamente pelos livros da Sabedoria.
JOB/SALMOS/PROVÉRBIOS/ECLESIASTES/CANTARES
LIVROS
DA SABEDORIA
O primeiro é Job. É a
história de um homem rico, porém temente a Deus, que perde todos os seus bens.
Deus permite que ele fique reduzido à pobreza. Depois perde a sua saúde. Job
não é capaz de entender ele fez para merecer tudo isso, sendo ele um homem
justo e temente e Deus. Os seus amigos tentam ajuda-lo, sem resultado. Finalmente
Deus responde às suas perguntas, e por Job já ter aprendido valiosas lições,
ele volta a ser um homem novamente rico.
Existem, aproximadamente 40
capítulos no livro de Job e, por vezes o diálogo é tão compreensível como ler
Shakespeare pela primeira vez. Sugerimos que leia Job numa mais moderna versão,
como A Mensagem. Ajuda a seguir os argumentos sem ter que parar para
tentar perceber algumas das passagens mais obscuras.
É uma boa ideia manter A
Mensagem (ou outra versão moderna) à mão para o próximo livro – Salmos.
Este é, provavelmente um dos livros mais conhecidos e mais usados do Velho Testamento.
Muitos são familiares com as palavras dos hinos – deve conhecer, provavelmente,
o Salmo 27 ‘O Senhor é meu pastor’.
No total existem 150 Salmos.
Abrangem todas as emoções – alegria, gratidão, felicidade, mas também
frustração, desilusão e até mesmo descrença. Ficará surpreso com o que poderá
dizer a Deus quando ler os Salmos.
Em seguida teremos os Provérbios.
É um conjunto com cerca de 300 sábios provérbios, provavelmente recolhidos por
Salomão. Há neles muita ajuda, concelhos bem realistas como evitar fazermos
figuras tristes e estragar a nossa vida – ou o que fazer se o mal já estiver
feito.
Não subestimemos este
pequeno livro. Tornou-se um cliché dizer que a Bíblia contem ‘princípios
intemporais’ – relativamente a estes provérbios são assim mesmo.
Antes de os qualificar como simples e óbvios
tente inventar um! Provérbios é outro dos livros que será mais fácil de
compreender se o explorar com uma tradução moderna.
No próximo encontramos Eclesiastes. Se alguma vez pensou que a
Bíblia continha apenas ideias nobres e princípios religiosos, este livro será
uma agradável surpresa. O autor, provavelmente Salomão, foi um homem que teve
tudo. Todavia concluiu que a sua riqueza não lhe trouxe contentamento. Tentou
muitos e variados estilos de vida, mas nenhum funcionou. Tornou-se num homem
desiludido e decide que a vida não tem sentido (1:1-11). Hoje seria,
provavelmente, diagnosticado como estando a sofrer de depressão.
As suas observações sobre a futilidade da vida ainda fazem sentido nos
dias de hoje. Coisas más acontecem às pessoas boas; os maus enganam os outros e
safam-se; e no fim todos morremos. Se assim é então, tudo isto é uma perda de
tempo. Contudo o escritor tem uma visão rápida em relação à transcendência do
objectivo da vida. Então o autor conclui, que podemos encarar o facto de que
não há outra alternativa sensata do que temer Deus e fazermos o melhor que
podermos para o obedecermos.
Este é um livro muito humano, cheio de discernimentos e observações que
são encorajadores e realistas. Volte a lê-lo numa versão moderna e a satisfação
será garantida.
O último dos Livros da Sabedoria é os Cantares de Salomão. Foi
considerado um pouco irreverente (vejamos 4:1-7 e saberemos o motivo), contudo
pelos nossos actuais princípios liberais é bastante inofensivo.
O Cantares de Salomão é uma história de amor, embora um tanto complicada.
Foi escrita, provavelmente por Salomão (ou talvez sobre ele que teve mais de
mil esposas e concubinas). Compreensivelmente, os eruditos especularam acerca
do significado deste livro um tanto estranho e até mesmo sobre a sua existência
na Bíblia. Muitas ideias, analogias e alegorias foram sugeridas. Volte numa
outra altura e aprofunde mais a sua opinião.
A última parte do Velho Testamento é conhecida como Os Profetas
ISAIAS / JEREMIAS /
LAMENTAÇÕES / EZEQUIEL / DANIEL
OS PROFETAS
Quando Israel e Judá se afastaram de Deus ele enviou-lhes uma série de
profetas para os fazer lembrar do seu relacionamento. Muitas pessoas acreditam
que os Profetas têm, também, uma mensagem específica para nós, nos dias de hoje.
O tempo o dirá, e até que ponto é que isto está correcto.
O tema mais óbvio e indiscutível das profecias é que relembram aos
Israelitas ancestrais (e qualquer outra pessoa, não importa quem seja nem onde
tenha vivido) que Deus é fiel e misericordioso. Nós até podemos quebrar as
nossas promessas, porém Deus nunca o faz. Ele preparou a sua mão para nos
salvar e fá-lo-á. Os profetas tinham uma visão para além dos seus tempos
atribulados e dirigiam-na a um Salvador, que Deus enviaria para salvar toda a
gente - não apenas os escolhidos – dos
seus pecados.
Temos apenas algum tempo para uma rápida consulta. Existem três
profetas principais. Isaias foi o primeiro. Pregou cerca de 40 anos,
avisando o povo de Judá para voltar para Deus. Ignoraram-no e provavelmente
mataram-no. O seu livro tem muitas profecias sobre a vinda do Messias que,
eventualmente salvaria Israel e todas as outras nações. A Isaias seguiu Jeremias
que esteve activo quase ao mesmo tempo que Isaias mas que viveu, para
testemunhar a invasão e o cativeiro do seu povo, pelos Babilónicos. Um pequeno
livro, logo após Jeremias, chamado Lamentações, pode na verdade, ser o
testemunho ocular do que se passou com a queda da cidade e do seu templo.
O último dos três principais profetas, Ezequiel, vivia em Jerusalém na
altura da sua queda, e foi levado cativo para o exílio. Ele profetiza para os
que restavam do Povo Escolhido, relembrando-lhes dos seus pecados mas também,
que Deus ainda os ama e que um Salvador está para vir.
O próximo é Daniel, talvez o mais lido dos livros proféticos.
Tem muitas histórias familiares, tais como Daniel na cova dos leões; como os
seus três amigos escapam ilesos depois de terem sido atirados para uma
fornalha. Existem também, as famosas visões, as quais têm sido fonte de intensa
especulação. Há muito que possa despertar o interesse em voltar aqui- mas tenha
cuidado. Pode perder muito tempo. Muitas pessoas têm tentado decifrar este
livro durante séculos. É um bom terreno de exploração para os que passam o seu
tempo a tentar decifrar quando será o fim do mundo, apesar de o próprio Jesus
ter dito que isso não se poderia saber. Talvez os livros proféticos devessem
ter uma etiqueta de aviso – algo assim ‘estas profecias têm tendência a ser mal
interpretadas e podem prejudicar o seu entendimento e saúde espirituais’.
Depois encontraremos os 12 Profetas Menores. Não são de menor
importância. Ficaram assim conhecidos porque são mais pequenos dos que os
profetas principais. A começar por Oséias, que profetizou nos últimos dias do
Reino de Israel, até Malaquias, que morreu, aproximadamente 300 anos antes de
Jesus Cristo nascer.
Depois de Malaquias morrer há um período conhecido como o período
inter- testamental. Algumas Bíblias têm
uma secção de vários livros chamada Apócrifos.
APÓCRIFOS
Historicamente são interessantes, todavia são, geralmente considerados,
não terem o mesmo peso de autoridade, como os outros livros do Velho
Testamento. Por isso não fazem parte desta viagem.
Estamos, então, de volta ao território familiar do Novo Testamento. A
viagem acabou.
Estamos gratos por nos ter acompanhado. Esperamos que já conheça um
pouco melhor o Velho Testamento. Como alguém que só esteve em França por um
dia, ainda não se é um perito. Há muito mais para ver e muitos lugares que são
importantes para voltar a visitar. Mas pelo menos já lá esteve uma vez e ficou
com uma ideia daquilo que é. Pelo menos aquelas centenas de páginas do
princípio da sua Bíblia já não são como uma ‘matéria negra’.
The Plain Truth Junho/Julho 2001 Copyright 2001 - Igreja de
Deus Mundial
Tradução: Conceição Galego